sábado, 19 de fevereiro de 2011

Procura

Estou à procura de palavras
Que não digam
O que eu não quero dizer
Palavras que sussurrem
O que não pode ser ouvido
E que só sejam ouvidas
Por quem não pode entender
Vocábulos abandonados pela estrada
Pois quem não pôde usá-los
Soltou-os pelo ar
Procuro a tais
Revejo o caminho
Reviro as folhas amassadas
Mas não consigo encontrar
Caço palavras selvagens
Que com suas garras afiadas
Possam dilacerar um coração
E ao mesmo tempo
Com seus olhos de pedido
Peçam pra ser meu bicho de estimação.
Preciso delas com toda minha alma
As espero com todo meu ardor
Hora não tenho, outra hora tenho calma
Quero aguardar, outra hora tenho horror.
Palavras agitadas como o mar
Ou simplesmente calmas como um rio
Palavras que deixei de ouvir e de falar
E chego a pensar que esse tipo de palavra
Nunca existiu.





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Eu Não Quero Voltar Sozinho

http://www.lacunafilmes.com.br/sozinho

Sinopse: A vida de Leonardo, um adolescente cego, muda completamente com a chegada de um novo aluno em sua escola. Ao mesmo tempo, ele tem que lidar com os ciúmes da amiga Giovana e entender os sentimentos despertados pelo novo amigo Gabriel


porque o amor não tem preconceitos

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O tal ponto final

Desistia de tudo pela metade.
Quando achava estar deixando-se conhecer demais , em uma conversa, desvirtuava o assunto.
Acreditava que a felicidade plena não era algo de suma importância em sua vida. Queria tranquilidade, rotina, mesmice, normalidade. O almejo de meros mortais.
Não chorava, tampouco procurava consolo em quem parecia disposto a ajudá-lo. Preferia o canto quente na parede, que parecia acolher seu corpo com prazer.
Agia com descaso na maioria de seus casos. Não saberia lidar com qualquer entrega - completa - que fosse. Assustava-se quando alguém perguntava sobre suas origens. Não sabia contar suas histórias.
-
Aquela tarde parecia comum, como tudo em sua vida.
Mas queria agir impulsivamente. Mesmo que não fosse de sua parte o tal impulso.
Comprou o que havia prometido para a moça. Tentando criar alguma coragem - era algo árduo e demorado a se fazer - mas conseguira.
Discou os 8 números e pediu para esperá-lo em frente ao seu prédio de trabalho.
5 minutos depois estavam juntos. No mesmo carro, rindo das besteiras.
Talvez nervoso - talvez propositalmente para passar alguns minutos á mais ao lado daquela mulher estranha, ele tomara o caminho errado. Mas logo fora avisado.

P - E ae, como ta a vida, cara?
A - Estamos ae, tipo... Normal.
P - E essa roupa, não era pra estar sociável, porque olha... Nunca vi homens do seu tipo tão desleixados, rs.
A - Último dia de trabalho, né, chefe deu um desconto.
P - HAHAHA, claro, claro.
P - E então, esse livrinho, te manca caralho, tu fica distribuindo perversão para pessoas inocentes.
A - UE, mas foi você que pediu.
P - É , pode ser. Mas o Sr. podia ter dito não.
A - Acho que te conheço o bastante pra saber que ia ficar insistindo, ou fazendo drama.
P - Pode ser. Mas você abriu. Era pra ser um presente.
A - Eu não resisti, dá um desconto.
P - Não. Seu fuleiro.

Chegaram ao destino. Ainda era claro.
- o fuso horário daqui é muito engraçado, acho que nunca irei me habituar, ela pensou.
Ele parou o carro. A moça hesitou. Procurou algo olhando aquele par de vidros brilhantes.
Conseguiu ver o que preferia não ter completa certeza de existir: Covardia.
Se demorou ainda, permitindo-se alguns instantes de lembranças.
Saiu do carro, pulando da poça - aquela tarde choveu mais que o esperado, tardes de Dezembro Acreano.
Não olhou pra trás. Era o primeiro passo.
E o resto viria com o tempo.
- Foi uma boa despedida. disse para si.
Não queria mais estragar o que ficou guardado - o bonito do acaso.
Não queria deturpar as boas memórias.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Caixa Postal

Outro dia me peguei pensando em você. De novo. Achei que já tinhamos superado isso. Nós. Por favor vá embora.