sexta-feira, 29 de abril de 2011

A maior qualidade do homem

“Nada se cria, tudo se copia ”*, foi o jeito chacrinha que encontrei para dar inicio a essa peleja com as letras, mas explico isso depois, porque o tema proposto hoje é: pra você, donzela, qual a maior qualidade do homem? Sim, aquela sem a qual você se faria de cega, surda e muda e não cederia uma bolinha de gude ao pretendente?


Já ouvimos de tudo a esse respeito, de máximas como “homem tem que ser homem” e “compreensão é essencial” até constatações capitalistas do gênero “elas gostam mesmo é de dinheiro”.

Claro, leitores! É óbvio que uma qualidade só não faz verão, quiçá um relacionamento duradouro, mas insistimos na nossa mania de classificar tudo e colocar no pódio para um banho de champagne, ou seja, queremos saber qual o primeiro atributo que vem à cabeça das muchachas ao pensarem o príncipe encantado, ou, em outras palavras, de onde vem esse encantamento?

Pedimos licença ao tão badalado conhecedor da mente humana, Freud, para atualizar, ou tentar por outros meios responder a pergunta: “Afinal, o que querem as mulheres?” – classifique, elejam, comentem – depois confiram o resultado. O texto é curto e acaba aqui, segue a explicação do asterisco.

* “O grã-mestre @xicosa propôs, em seu novo blog, a eleição do maior bandido vivo do Brasil, e o plagiador de plantão, sempre atento às variações para o blog dos românticos, no caso eu, quer saber das leitoras desse blog por todo o Brasil (usamos o Google Analytics) “Qual a maior qualidade do homem?”Comentem! E desde já, gracias!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Uísque

__ Isso não está mais dando certo. Acho melhor cada um seguir seu rumo.
__ Do que você está falando, criatura, posso saber?
__ A gente. Isso. Não dá mais. Preciso de ar.
__ Amor, eu...
__ Tchau. A gente se vê.

Foi assim que ele terminou comigo. Por torpedo. Depois de dois anos, três meses e alguns dias de um namoro perfeito com o namorado perfeito. Ele terminou comigo assim. Do mesmo jeito que começou...assim.

Nos conhecemos numa festa de um pessoal que fazia cinema experimental. Logo no começo ele disse que odiava aquilo, essas festas com esse pessoal que faz essas coisas alternativas, mas o irmão dele era metido a intelectual que usa seda javanesa, e também era menor de idade, então ele tinha que acompanhá-lo por todos os cantos. Conversamos bastante, ele era divertido de um jeito fino e ácido, como eu sempre gostei, e tinha a língua ligeiramente presa [um charme, diga-se de passagem]. Dado momento a cerveja acabou, o cigarro também, ou seja, a festa teve seu fim prematuro decretado, ele meio que me seqüestrou [e ao irmão, que estava se atracando com uma senhora que fazia uma ponta num dos filmes] e fomos parar num bar que eu não conhecia, escondido no centro da cidade. Lá, música alta, fumaça, uma jukebox e um barman imenso que não foi com a minha cara desde o primeiro dia. Sentamos ao balcão e ele pediu uísque para nós dois e coca com gelo para o irmão, que se recusou a beber o líquido imperialista e ficou na água de torneira.

O uísque veio puro. Ele dizia ser absurdo deixar o uísque curtindo doze anos no carvalho pra se jogar gelo, água, energético ou refrigerante naquele líquido abençoado. Eu, como nunca havia bebido uísque na vida, não pude perceber a diferença. Ele também disse que nunca havia se embriagado com uísque puro. Eu acreditei, não só porque a maconha fazia efeito, mas porque ele era o ser mais incrivelmente incrível que eu já conheci e eu queria muito, muito, muito mesmo que ele ficasse impressionado comigo.

Saímos do bar já era madrugada alta, voltamos caminhando até minha casa, ele me beijou no portão, disse que gostou de mim, no dia seguinte pediu minha mão em namoro pra minha mãe conservadora e dois anos, três meses e alguns dias depois ele terminou comigo. Por torpedo.

Custou até eu entender o que acontecia, porque ele era perfeito e jamais me machucaria. Eu ainda achei que ele precisava de espaço, como nos filmes bregas, e fiquei inventando desculpas para a atitude irracional dele. Não fazia sentido. Até que eu conheci a cantora-performática-que-parece-paquita. Aí, tudo fez sentido.

Porque ele me trocou por ela. Numa dessas festas ridículas que o irmão dele freqüentava, ele conheceu esse ser de cabelo amarelo e bota branca, uma perfeita barbie boliviana, e se encantou com ela e desencantou comigo. Ele não atentou para o fato de que ela se vestia como paquita, ou era desafinada, ou tentava bancar a alternativa-maníaca-sexual. Ele só se encantou com ela e terminou comigo.

Dias depois fui a um show da banda-alternativa-perfomática-de-garagem da barbie fajuta. No mesmo bar onde ele me levou a primeira vez. Pedi uísque sem gelo e o barman que me odiava mal me olhou, jogando dois icebergs no meu copo. Quando olhei para o palco pude vê-lo ao lado, um perfeito tiete, com seu all star estúpido desamarrado. Tentei a todo custo não chamar a atenção dele, mas quando ela começou a cantar eu comecei a vaiar. E ele me viu. E eu quis mostrar a ele que eu não o amava mais, e que se ele não terminasse comigo eu ia terminar de qualquer jeito.

Daí ele fez que não me viu. E eu fiz que não o vi. E pedi mais uísque. E ele voltou a olhar pra ela, que cantava olhando pra mim, enquanto eu olhava com ódio para os blocos de gelo boiando no copo. A canção acabou e eles se beijaram. E eu passei a odiá-lo mais que aos pobres gelinhos que já se derretiam.

A essa altura eu já estava no terceiro uísque [com gelo], amaldiçoando todas as formas de vida humana, especialmente as deploráveis. Ele chegou com seu jeitinho de cão sarnento e eu só conseguia pensar em socá-lo repetidamente. Eu só pensava em deixar clara a mentira que eu tentava pregar, eu queria fazê-lo acreditar que eu não me importava mais, ouviu bem? EU NÃO DOU A MÍNIMA. Na minha humilde opinião de espectadora ele podia abandonar a vida de merda que a gente construiu junto pra viver seu conto de fada às avessas com aquela bruxa mascarada que fazia as vezes de princesa do reino encantado do caralho a quatro. E quando ele se chegou, tão manso, eu pensei com todas as minhas forças no quão agradável seria se ele morresse bem ali, naquele exato momento e com bastante dor, para ficar retido no inconsciente da minha memória para os dias vindouros e menos divertidos. Julguei ter pensado alto, pois ele se abaixou de repente, mas era só pra amarrar os cadarços de seu all star estúpido. Droga, eu adorava o jeito estúpido dele amarrar cadarços.

Pedi mais um uísque ao homem imenso atrás do balcão, que me olhou do alto com seus bigodes de morsa e me pediu pra segurar a onda, ao que retruquei perguntando idiotamente se ele já havia sido abandonado pelo cara-mais-que-perfeito-que-ele-amava-desesperadamente. Ele sorriu condescendente e me ofereceu água, enquanto o outro, o idiota do all star, andou até o palco e abraçou sua nova-namorada-maravilha-de-pessoa-e-cantora-performática. E foi a vez dela vir até mim, eu tenho cara de ímã ou o quê, ora porra?! Ela veio gingando na sua bota branca estúpida de assistente de palco de apresentadora loura de programa infantil, como eu queria socá-la também, bater nela com aquela bota branca estúpida que ela usava, ela me perguntou se eu gostei do show e eu pensei "vê se morre", mas dessa vez pensei em voz alta e ela ouviu, porque eu não pensei e sim gritei, ela deu um passo para trás com cara de virgem que descobre o que é o verdadeiro sacrifício, pobre vítima. Ele puxou meu braço, isso-não-é-coisa-que-se-diga-ora-bolas, mandei todos para o inferno e fui atrás de outro bar. Consegui uísque sem gelo e fiquei ouvindo Air Supply. Desabei no choro. A culpa não era do uísque, nem do Air Supply. A culpa era do gelo, eu tenho certeza.

Uísque com gelo e cigarro e música alta e músicos bêbados e ripongas sujos e aquela boneca barbie fajuta com sua bota branca de paquita, tudo aquilo voltou com violência tamanha quando cheguei em casa. Air Supply continuava bombeando meu cérebro, como pode uma música ser tão ruim e ao mesmo tempo tão tocante? Nunca tinha me embriagado àquele estado. E não, não era culpa dele, do meu ex-namorado perfeito que de tão perfeito me trocou por alguém mais perfeita que ele, a barbie de cabelo amarelo e bota branca. Eu estava convicta que a culpa era do gelo.

Vomitar não é glamouroso, aposto que a assistente de palco da Angélica não vomita, nem tem gases, nem arrota, nem faz metade das coisas que fiz nessa noite longa, perdida e suja. Mas duvido que ela sinta metade das coisas que sinto agora, duvido que ela sinta esse amor, ainda essa vergonha, ainda essa tontura que não é de embriguez mas de encantamento diante daquele ser de all star estúpido com os cadarços infantilmente desamarrados. Duvido que ela já tenha rodado bares e bares só pra não ter que encarar a solidão de um quarto agora desocupado.

Também duvido que ela use palavras tão bonitas pra justificar uma bebedeira. Eu não existo, sou uma farsa.

Passei uns dias em casa curtindo o escuro e o silêncio, sem pensar em all star, uísque ou botas brancas. Me sentia um tanto ridícula depois do ocorrido em metade dos bares bem freqüentados da cidade [os mal freqüentados não me preocupavam]. Tinha aquela vontadezinha fajuta de ligar pra ele, de pedir desculpa, mas logo vinha a vontadezona de bater nele todo de uma vez só, pra economizar força e poder cuidar dele quando ele estivesse bastante machucado. Não sabia exatamente o que eu queria fazer, por ora só queria estar ali, no escuro. Assim ninguém me via chorar.

Depois de quase um mês sem notícia, dei de cara com ele em uma festa alternativa, daquelas que ele dizia odiar mas passara a freqüentar por causa da namorada-barbie-cantora-performática. Ela não usava sua bota estúpida desta vez, mas um penteado à moda 80 que me deu tanta pena que sequer consegui rir. Ele veio ter comigo e disse coisas simpáticas que ex-namorados dizem a suas ex-namoradas psicóticas, eu ouvi metade do que ele falou sem prestar atenção verdadeiramente. O som alto me incomodava tanto que eu tive de sair dali, e urgentemente.

O casal também não ficou na festa muito tempo. Eles foram caminhando pela rua mal iluminada, de mãos dadas e sem pressa, em direção à casa dele, que não era distante. Havia muita intimidade ali, muito conhecer um do outro, e eu inflei de ódio, porque eu já tinha visto aquela cena antes, aquele caminhar noturno, lembrei do nosso primeiro beijo no meu portão. Avancei com o carro sobre eles, atropelando meu ex-namorado perfeito, sendo que a última recordação que tenho era do all star dele voando após o impacto. Aumentei o volume do som, tocava Bob Dylan na rádio, dirigi até o bar mais próximo e pedi um uísque duplo. Sem gelo.

sábado, 23 de abril de 2011

Ovo de Páscoa sabor Blues Boy

Ou o famoso: quem não tem cão caça com gato

Depois que você sai de um relacionamento relativamente longo, seguido de um outro também relativamente longo, daqueles em que você comete a imaturidade de se distanciar – de forma natural e espontânea – de seus coleguinhas da infância, dos vizinhos e até dos familiares, em troca de dias e momentos inteirinhos e exclusivos ao lado do seu amorzinho, do seu xuxu lindo, do seu docinho de coco, neném - e por aí vai - você se desfaz de certa habilidade e jeito para vivenciar – e enfrentar - algumas datas comemorativas e feriados prolongados.

Chocolate tem gordura trans
Natal, Ano Novo, Carnaval, aniversário e até a Páscoa ficam meio sem nexo e precisando de um roteiro pré-estabelecido muito bem pensado. Para quem você vai dar aquele ovo de páscoa que você mesmo tanto deseja comer? Aliás, quem vai te dar o seu chocolate preferido? Com quem você vai se jogar debaixo dum edredom, tomando aquele chocolate quente ou degustando aquele crocante ao leite, vendo um filminho? Com quem você vai aproveitar os dias sem trabalho e escalar uma montanha, andar de carro por aí ouvindo uma música legal ou apenas caminhar na beira do rio? Pois é...

B.B.King: consumo sem moderação
Meus caros amigos e amores. Aproveitando que chocolate tem gordura trans e que o mar não tá pra peixe, nesta páscoa, eu resolvi dizer não ao capitalismo selvagem, às tentações dos brinquedos surpresas e das camadas duplas de chocolate e me dar um CD do B.B.King de presente, declarando, sim, o meu amor ao blues e ao velho e bom rock, algo que realmente alimenta alma e espírito, não causa celulite, pode ser consumido solitariamente, às escondidas, moderadamente ou não, sem nenhuma conseqüência ou culpa. Nada de Sonho de Valsa, Ouro Branco, Bis Branco, Ferreiro Rocher, Cacau Show Trufa, Canudo Recheado da Kopenhagen... Nesta páscoa, eu fico aqui degustando solos de guitarra que vão sim me conquistar.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O bar e seus debates

ou o Manifesto pelo Vale-Boteco


Dia desses estava aqui, frustrado, pensativo na razão do sumiço de pautas sobre romances, relações, besos arretados, dentre outras safadezas cordiais que compõem o meu catálogo de assuntos abordados nesta Confraria. Nessa cabeça y corazón, num passe de mágica para os otimistas e num revés de azar para os realistas, me vi sem nada para contar.

“Cadê tu, inspiração?!”, pergunto e incorporo o escritor-mequetrefe metido a ter bloqueios criativos. Balela, amigos y amigas. Bastou uma análise mais sincera, uma crítica menos regada de auto-piedade para enxergar o que se fazia óbvio. Há tempos não visitava os meus mosteiros de pensamentos românticos: os botecos pés-sujos.

Vejam que cheguei a culpar o excesso de trabalho ou a temporada de enamoro que vivi. “Bullshit!”, diria o xerife do velho-oeste após desferir uma cuspida de asco e tomar de uma lapada só a sua tequila no Saloon. Nada disso é causa pra tal escafedo. A culpa era do intervalo de jogos de futebol na televisão, razão para que todos os domingos e algumas quartas-feiras, quintas-feiras e sábados, batesse meu cartão de ponto no Bar do Papagaio ou Bar dos Papudos.

Lá, naquelas mesas com cadeiras de plástico desbotado ou de ferro comidas de ferrugem – quando não é um tamborete – escuto e desabafo sobre as mujeres e suas façanhas, juntamente com meus comparsas e os entrosados que sentam nas adjacências, porém, nem por isso, inibidos em se achegarem nos debates.

É lá, mirando se a breja vem com a aparência de uma canela-de-pedreiro (abre-se parêntese para explicar que não se trata de um termo pejorativo, mas sim uma justa homenagem aos trabalhadores que edificam nossas casas), que o sujeito é obrigado a desempenhar os papéis de conselheiro e de aconselhado. Relembra os feitos e as derrotas, e com elas aprendem.

É lá, inclinando o copo para evitar a espuma indesejada, que o cabra se sente confortável em expor os chifres próprios e alheios, as conquistas, a cantada de canalha revisada e atualizada, a mais nova piada sobre o amigo que não sai mais de casa sem o alvará da patroa lavrado em cartório. É o divã etílico.

Para tal liberdade, confesso, nossas protagonistas não podem se fazer presentes. Nessas horas, os hombres são acanhados perante um rabo de saia. É preciso que sejam pessoas do mesmo gênero, para que a palestra sobre fêmeas seja irrestrita. De preferências, amigos que joguem no mesmo time na pelada de sábado. Assim existe confiança.

Espero que com esse relato, possa esclarecer a importância que o boteco pé-sujo de estimação tem na vida do seu cônjuge, minha cara leitora. Relaxe a pena, emita um habeas corpus e ‘copus’, e libere o seu amado. De lá, sairá a próxima artimanha do cidadão para te agradar. É preciso ter fé no seu taco, senhora.

E assim desfecho o Manifesto pelo Vale-Boteco com a reflexão conflituosa por ser canastra e sincera de uma vez só: Mais vale um sujeito que freqüenta o botequim e por isso é ajuizado de como ameigar a própria cara metade do que um prisioneiro que mete as mãos pelos pés na hora do afago com a patroa.

sábado, 9 de abril de 2011

Carnal


“Não é chato quando você é trocada por uma salada de rúcula??????”, desabafa no Twitter, o divã eletrônico da hora, a amiga Eliza. Não duvidem da seqüência de seis interrogações utilizadas com sabedoria.

A questão é digna de intrigar até mesmo o mais xiita dos ativistas eco-chatos. Quando foi que a alimentação verde se tornou mais importante que o ato sacro de chamar na chincha?!

¡Preocupemos-nos, confrades!

Prontamente indignado, meti meu bedelho no drama da minha cara nipo-querida. Taquei um “reply” – para manter o glossário internenglês da ferramenta – solidário ao episódio, do qual já passei semelhante: “Todo ano acontece comigo. É porque sou muito de relações carnais. E esse povo é meio vegan no amor”.

O amor é feito de carne. Peço licença aos legumes e verduras, mas estou com o escritor-mestre, Gabriel García Márquez, detentor de mais de cem anos de artimanha pura, e não abro. O colombiano decretou: “Não vá morrer sem experimentar a maravilha de trepar com amor.”. Romantismo não piegas roots na veia.

É hora de darmos um basta, sociedade. Faço questão de carne e derivados nos meus amores. Em algumas horas, prefiro relações mal-passadas. Depois opto pelos afetos ao ponto. Quero beijos ao molho madeira. Faço questão da minha cama na brasa.

Parafraseando o grande astro renegado, Wilson Simonal, “nem vem que não tem” defensores verdes. Peço o perdão vegetariano, pero yo no abro mão do sabor das coxas, maminhas, orelhas, línguas, lábios...

Devemos aloprar aos quatro cantos: Si no hay carne, yo soy contra! Não que devamos acabar com os vegetais na dieta. Sem fundamentalismos carnívoros. Venho aqui fazer uma proposta. Criemos uma edição extra do festival da carne que, não por acaso, chama-se carnaval.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

hoje eu quero



eu sinto saudades na hora errada. estou lembrando de você me abraçando no meio da calçada, decidindo se valia a pena arriscar sua reputação com um beijo na hora errada, no lugar errado e na frente de quem não deveria ver nada. ainda bem que o táxi chegou para te salvar, porque sinceramente eu não me importava com nada daquilo. foi você quem fez eu me importar, bem depois. mas eu não deveria estar lembrando de você agora, porque afinal de contas, fui eu que te deixei ir. fui eu que fiquei com medo. e fui eu que me afastei. eu não deveria sentir saudades, principalmente agora que comecei tudo de novo. mas é sempre assim. estou sempre de olho no que não está mais na minha frente. com você também foi assim. lembro que na época estava preocupado demais pensando se já tinha esquecido ele. e sabe que até hoje não encontrei a resposta dessa pergunta, acho que ainda sinto saudades. de vez enquanto. ainda espero ele me mandar um carta, um e-mail, um telefonema ou uma mensagem de fogo. essa semana percebi que havia perdido o papel onde tinha anotado o numero dele, eu sabia que deveria ter passado pro celular, mas não queria mexer naquilo e agora foi embora. acho que nunca mais terei noticias dele, mas ainda sinto falta. e sinto falta de você. e fico surpreso como você sumiu. antes te via em todos os lugares e agora fazem meses que nem ouço noticias. tenho vergonha de perguntar por aí, afinal, fui eu que não quis mais e você respeitou. mas é que de vez em quando eu ainda quero. como hoje.

domingo, 3 de abril de 2011

A dúvida


A criança de 10 anos, moderna e equipada de seu playstation 10, dispara a pergunta: “Ei, como faço para conquistar uma garota?” E o adulto bobalhão responde: “bom, comece conversando coisas interessantes e se aproxime da menina aos poucos...”


Ufa! Ainda bem que o impulso da maioria das crianças é desobediente o suficiente para não cair nessa. O grande barato do amor-infante é a originalidade e a pureza do gostar. Sim, acredite adulto-corrompido, um simples enlaçar de mãos, na paixão das crianças é a verdadeira conquista do Everest!

E melhor, eles não precisam de cerimônias ou adaptações sociais para despertar seus sentimentos mais sublimes. Desconsiderando o fato de que há um verdadeiro abismo entre meninos e meninas no quesito maturidade, é nessa idade, no comecinho da vida, que é despertado dentro de cada um, a poesia e o romantismo.


Nesse caso, acendo a centelha da guerra dos sexos: o meninos estão no lucro! A demora da visita dessa tão chata, porém necessária maturidade, dá aos garotos um tempo maior de vida sem preocupações desnecessárias ou fobia da decepção.

Portanto, aos adultos a reflexão: que resposta daria à pergunta do início? Só não valem as opiniões chatas e burocráticas que fomos acumulando ao longo da vida... Da próxima vez, calo-me, afinal, não é a toa que passamos o resto da vida lamentando a despedida da infância...