Ressuscitem
imediatamente Públio Ovídio Naso, escritor romano que viveu entre a segunda
metade do I século a.C e do século I d.C, para que complete sua obra inacabada.
Em “A Arte de Amar”,
Naso compra a briga com o cupido e jura que pode derrotar o efeito desastroso
do amor. “Venham às minhas aulas, jovens enganados a quem o amor só trouxe
decepções. O mesmo que vos ensinou a amar vos ensinará como vos curardes”
promete o político das causas impossíveis há 2012 anos.
Diria ao poeta-curandeiro
que, mesmo diante de tantas dicas valiosas, foi incompetente diante do
principal mal da separação: o domingo. Provavelmente naquele tempo não existiam
Faustões e outras drogas depressivas, mas esquecer do principal efeito
colateral do pós-romance é imperdoável.
Mas onde quer que
esteja Nasão, nesse momento, digo-vos em verdade: Ovídio, quando disseste
“Elimina a ociosidade: é ela que impele as setas de Cupido” não tinha a real
noção do que é um domingo na vida dos amantes. É justamente da ociosidade
compartilhada que os amantes sentem falta, Naso! Não adianta nos ocuparmos com
trabalho, pois o corpo pedirá um almoço às 3h da tarde na churrascaria
preferida ou tacacá do fim de tarde.
Poderá dizer que ao
usar esse argumento deixei de lado o descanso sabático. Engana-se! A ociosidade
do sábado é facilmente driblada pelo futebol e pela cerveja com os amigos, pelas
religiosas faxinas ou as compras do mês. Ademais, o sábado não usa as algemas de
ser um dia pré-segunda-feira, como é o caso do dramático domingo.
Pouco adianta “fazer
longas viagens e fugir para muito longe” se, independente do lugar, os amantes precisam
passar pelo sofrimento dominical e outros fantásticos shows da vida. Como pode
Nasão, dizer que para se livrar do sofrimento, “O uso de feitiços é condenável”
se temos um dia na semana tão cheio de ocultismo, como é o caso do Sunday e
seus filmes com Charles Bronson no domingo maior.
Por fim, Ovídio, é
muito fácil dizer que “A melhor maneira de ter de volta tua liberdade é romper
as cadeias que ferem o coração” em uma segunda-feira com muito trabalho por
fazer onde tudo volta ao normal, às mais tradicionais e previsíveis rotinas,
ansiosas pelo próximo domingo temeroso, onde tudo se acaba para recomeçar.
Domingo é dia do cão. Por isso, meu filho, é dia de ir à igreja e comer pipoca doce crocante :D. Quanto ao ócio, tem que aprumar pra ser criativo, assim como defende um de nossos gurus.
ResponderExcluirbesos.