quinta-feira, 13 de novembro de 2014

E se?

"E se?", eu me perguntava. E se a gente tivesse seguido adiante naquela bebedeira e se a gente tivesse dormido junto aquela noite e se a gente tivesse vivido essa parcela de vida que parecia tão óbvia e tão certa? E se a gente tivesse se lançado naquele abismo que era meu coração ainda se curando de tantas e tantas feridas? E se seu corpo me trouxesse as respostas pra todas as perguntas que teus olhos me faziam? E se teu corpo me comesse como me comiam teus olhos? E se a promessa dessa noite ensopada de suor e desejo se concretizasse e a gente enfim gritasse que era isso que a gente queria e que queria há bastante tempo e era sim inevitável? E se a gente cruzasse a fronteira só pra, dali à frente, perceber o passo maior que as pernas e querer voltar? E se a gente nunca voltasse? E se eu te abraçasse com as minhas pernas e a gente gozasse junto apenas por aquela noite quente naquele lugar que, ali, parecia ser só da gente? E se? Eu me cansei de esperar pela resposta. Eu me ensopei de outras noites, eu comi outros olhos, eu abracei outros corpos. Eu cruzei todas as fronteiras, mesmo as que eu nunca devia ter cruzado. Eu te vi desfilar com outras moças e eu desfilei meus moços e ainda assim seus olhos me comiam e me inquiriram e me diziam todas as coisas impossíveis de ser ditas. E eu dancei sozinha noites a fio, o cigarro por companhia e a solução pra todas as dúvidas descansando no meio das tuas pernas. E se?

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